Notícias

24/10/2017

Qual o futuro da atividade notarial e registral?

CORI-MG participou da abertura do XXVI Congresso Estadual dos Notários e Registradores de Minas Gerais

Participantes na mesa redonda que abriu o evento (Foto: Divulgação | CORI-MG)
 
“O mundo está mudando. Para entender como a classe tem se colocado frente ao novo cenário e oferecer o melhor serviço para a sociedade, precisamos ouvir nossos colegas”. Assim o deputado Roberto Dias de Andrade, presidente da Serjus-Anoreg/MG, resume o que foi debatido durante o XXVI Congresso Estadual dos Notários e Registradores de Minas Gerais, realizado nos dias 20 e 21 de outubro, em Belo Horizonte. 
 
Com o tema “O futuro da atividade notarial e registral: ameaças e oportunidades”, o evento reuniu cerca de 350 profissionais para debater como os cartórios podem se adaptar às mudanças pelas quais o Direito – e o mundo – vem passando. E, para estimular a participação do público, nada melhor que uma mesa redonda com representantes de diversas áreas para debater os impactos das novas tecnologias em suas respectivas áreas.
 
O primeiro a falar foi o próprio Roberto Andrade, que destacou a importância de se criar espaços de debate como o do congresso. “Temos muitas possibilidades para contribuir com a sociedade, mas precisamos mostrar que nosso trabalho é importante.”
 
Na sequência, a palavra foi repassada a Cláudio Marçal Freire, presidente da Anoreg/BR. Ele apontou as atuais mudanças legislativas como uma das principais ameaças ao bom andamento do trabalho nos cartórios, como a PEC 411/2011, que pretende limitar a remuneração dos oficiais ao teto constitucional, e a PEC 255/2016, que possui um artigo que limita a atuação dos cartórios de notas aos documentos físicos. “Nós só existiremos enquanto formos importantes para a sociedade. E, para isso, precisamos garantir segurança jurídica para as pessoas.”
 
Paulo Roberto Rêgo, presidente do Instituto de Registro de Títulos e Documentos e de Pessoas Jurídicas do Brasil (IRTDPJ-Brasil), acrescentou que muitos colegas ainda não acreditam que estão ameaçados. Segundo ele, as iniciativas privadas são a maior ameaça atual ao serviço dos cartórios, pois não estão presas às amarras burocráticas e se adaptaram melhor à velocidade da era da internet. “Precisamos voltar a dar importância a cada serviço. O menor cartório precisa estar integrado ao maior. Se houver uma lacuna, o sistema é falho.”
 
Congressistas ouvem Raquel Garcia (Foto: Divulgação | CORI-MG)
 
É o que também destacou Paulo Roberto Ferreira, presidente do Conselho Federal do Colégio Notarial do Brasil (CNB). “Qual será o prazo de validade dos notários e registradores? Se a gente não fizer nada, outra empresa fará”, advertiu. Para mostrar como essa atualização está sendo feita, ele apresentou os estudos realizados pelo CNB na área de inteligência artificial e blockchain.
 
Já a diretora executiva do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil – Seção Minas Gerais (IEPTB-MG), Raquel Garcia, apontou como duas das principais oportunidades a melhoria no atendimento ao cliente e a união da classe. “Você precisa estar à frente do que o seu consumidor quer. Infelizmente, entretanto, ainda estamos andando a reboque”, destacou. Segundo ela, isso só será possível se todos se mantiverem unidos e atualizados.
 
Márcia Fidelis, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Registral (IBDR), utilizou o seu espaço para fazer uma comparação entre as ameaças e oportunidades registradas em 2004 e as atuais. Ela observou que, embora muitas transformações tenham ocorrido no período, há ameaças que permanecem, como a incapacidade para acompanhar o “bonde da evolução”. “A Anoreg tem a responsabilidade de nos unir. Não temos que concorrer um com o outro, é preciso existir uma parceria.”
 
Francisco Rezende fala para os congressistas (Foto: Divulgação | CORI-MG)
 
Quem encerrou a mesa redonda foi o vice-presidente do CORI-MG, Francisco José Rezende dos Santos, que enfatizou o papel do relacionamento humano para o trabalho dos cartórios. Para ele, por mais que a tecnologia evolua, ainda há um longo futuro para a profissão. “É preciso estar à frente do atendimento, ir para o balcão e entender qual a necessidade do público”, recomendou. 
 
Confira a cobertura completa do evento